Nascimento:30 de março de 1853
Morte:29 de julho de 1890
Nacionalidade: Neerlandês (holandês)

Em 1889, nos primeiros meses após se internar voluntariamente em um hospital psiquiátrico chamado Saint Paul de Mausole em Saint-Rémy, província da França, o pintor Vincent Van Gogh pintou sua série Írises (também conhecida como Lírios ou Íris).

Essas foram as primeiras de várias outras sobras que ele produziu no tempo em que esteve lá, após o surto psicótico que o levou a atacar e brigar com seu então amigo Gauguin, e depois cortar uma parte de sua própria orelha e dar de “presente” para uma prostituta em um bordel, que relatou ter desmaiado quando o recebeu.

Devido seu histórico de automutilação e tentativas de suicídio, ele obviamente não podia sair do sanatório onde estava internado, mas, podia andar pelo jardim acompanhado, e foi justamente a paisagem desse jardim que ele pintou. 

Apesar de serem consideradas naturezas-mortas, Van Gogh denominava essas pinturas como um estudo. Ele sempre observou e estudou muito, antes de produzir, e com os lírios não foi diferente. Podemos ver nitidamente o cuidado com que as telas foram produzidas e como ele realmente estudava cada detalhe dos elementos a serem retratados em suas telas.

Era como se Van Gogh estivesse criando com Irises um estilo novo que não era nem uma pintura de paisagem, nem uma natureza-morta. Era algo que ficava entre os dois, ao mesmo tempo que tinha forte influência do japonismo e do estudo da natureza, vindo dos grandes pintores antigos, norte-europeus. 

Seu senso cromático único deu a essas pinturas, cores que se destacam umas sobre as outras, sem deixa-las com um visual caótico. É tudo muito bem harmonizado, mesmo em cores opostas. 

A paleta usada é indiscutivelmente chamativa ao mesmo tempo que é agradável aos olhos. 

Natureza Morta com Íris (1890)

Foto do quadro de Van Gogh que mostra uma pintura de lírios azuis em um jarro amarelo de argila, em cima de uma superfície amarela mais escura e em frente a uma parede amarela mais clara

A pintura acima apresenta um belo contraste das cores azul, verde e amarelo, e se mostra atrativo, agradável e poderoso. Não só nessa, mas também nas outras, a oposição das cores faz com que ambas se destaquem.

Inicialmente, as flores não eram azuis, eram roxas. Acontece que a tinta que ele usou, com o passar dos anos envelheceu e perdeu a pigmentação vermelha, deixando apenas a cor azul.

O curioso é que isso não interferiu na beleza nem na proposta do quadro, que continuou harmônico, e o azul continua destacando as flores cuidadosamente pintas uma a uma suavemente.

A pesar de não serem suas obras mais famosas, principalmente se tratando de flores, já que suas flores mais famosas são os girassóis, essas pinturas têm uma importância muito grande pela história que carregam.

Ainda abalado com os acontecimentos que lhe levaram a tomar a decisão de se internar ali, os lírios foram seus primeiros trabalhos daquele período. Ele dizia que as íris eram “o para-raios de minha doença”, pois segundo ele, parecia que ele enlouqueceria se não continuasse pintado.

Irises (1889)

Quadro de Van Gogh, onde lírios azuis com flores verdes se destacam na frente de outras flores amarelas pintadas ao fundo, sobre um chão de terra marrom

Em 1987, a pintura acima foi vendida por 53, 9 milhões de dólares, que convertido para valores atuais, chega a 102, 3 milhões. Foi o quadro mais caro vendido até então, e está hoje ainda na lista dos mais caros.

Esse é um ótimo exemplo do meio termo que essas obras tomaram entre a paisagem e a natureza-morta. A vitalidade e a energia que exalam dessa tela, fazem com que não a vejamos como uma natureza-morta, ao mesmo tempo que os traços de Van Gogh trazem uma representatividade gráfica que nos afasta de uma simples pintura de paisagem.

Essas flores azuis também foram pintadas como roxas e também perderam a pigmentação vermelha como passar do tempo, devido o envelhecimento da tinta.

É possível ver a delicadeza e o cuidado com cada detalhe. Cada pétala é única, nenhuma foi pintada igual a outra. É uma natureza selvagem, quase intocada.

Essa única flor branca pode nos transportar para teorias sobre a subjetividade que o próprio Van Gogh poderia estar colocando ali, podendo ser uma referência a si mesmo como diferente dos outros que o cercavam. Ou a solidão a qual sua doença lhe condicionava.

Vaso com Íris (1890)

Foto da pintura de um jarro branco com lírios azuis, em cima de uma superfície verde e em frente a uma parede branca

Essa outra natureza morta pintada por Van Gogh em Saint Paul também sofreu com a perda de pigmentação vermelha com o passar dos anos, mas, ainda é possível ver a delicadeza e a riqueza de cada detalhe, como se ele tivesse estudado minunciosamente cada pétala das flores, antes de pintar.

Ainda é possível sentir a subjetividade de Van Gogh nessa tela, mas dessa vez o forte contraste de cores vibrantes deu espaço para a suavidade do rosa com o violeta e o branco.

A parede atrás, na pintura, inicialmente era na cor rosa, um rosa um pouco mais suave, enquanto que as pétalas dos lírios foram pintadas na cor roxa.

Foto da pintura que retrata um jarro branco com flores azuis arroxeadas, em cima de uma superfície verde e em frente a uma parede rosa
Vincent van Gogh, CC BY-SA 2.5, via Wikimedia Commons

Podemos ver acima como a obra seria mais ou menos, antes da perda de pigmento ocasionada da passagem do tempo.

Esse quadro ficou em posse da mãe de Vincent Van Gogh até a morte da mesma, em 1907.

A Íris (1889)

Imagem de uma pintura que retrata um lírio azul em um solitário ramo de folhas, com terra acinzentada e grama ao fundo

Esse é provavelmente o quadro menos famoso dos lírios de Van Gogh, mas com certeza não é o menos bonito, nem o menos interessante.

A beleza aqui, está nesse lírio solitário desabrochado em uma ramagem de folhas isolada dos outros lírios.

Vista de Arles com íris em primeiro plano (1888)

Imagem de uma pintura que retrata uma fileira grossa de lírios prantados à frente de prantas amarelas e esverdeadas, com árvores e construções ao fundo

Este quadro foi pintado provavelmente antes de Van Gogh se internar no sanatório Saint Paul. Ele retrata uma vista de Arles, pequena comuna da francesa que conta com cerca de 52.000 habitantes.

Arles foi muito importante na vida e obra de Van Gogh, que morou lá por cerca de um ano e alguns meses.

Foto de um fotógrafo segurando uma câmera, parado em frente a uma parede com três quadros de Vincent Van Gogh ao fundo, sendo um deles o "natureza morta com lírios".
Vincent van Gogh, CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

Algumas destas e outras obras de Van Gogh estão expostas hoje no Museu Van Gogh, localizado na cidade de Amsterdã, na Holanda, Países Baixos.

Mesmo tendo três quadros na lista dos mais caros já vendidos na história e tendo seu nome hoje como um dos maiores e mais importantes pintores de todos os tempos, Vincent Van Gogh vendeu apenas um quadro em vida e seu trabalho teve reconhecimento apenas após sua morte.

Curiosidades:

  1. Os Lírios de Vincent Van Gogh foram pintados em 1890, pouco antes da sua morte.
  2. Esta é uma das últimas pinturas que Van Gogh completou e é considerada uma das suas melhores obras.
  3. Os lírios foram pintados a partir de flores frescas que o artista comprou num mercado em Paris.
  4. A palette usada por Van Gogh nesta pintura é extremamente limitada, apenas contendo branco, amarelo e vermelho-escuro.
  5. A simplicidade das cores reflete o estado mental do artista na altura, que sofria de depressão e tinha tentado suicidar-se poucos meses antes da pintura dos lírios.
  6. O quadro foi originalmente intitulado “Les Fleurs du Mal” (As Flores do Mal), uma referência a um livro de poemas do escritor Charles Baudelaire. No entanto, Van Gogh mudou o nome para “Lilium Auratum” (Lírio Dourado) quando o vendeu a um coleccionador particular em 1892.
  7. Os Lírios são considerados um exemplo perfeito da técnica chamada “pintura a seco”, na qual as camadas de tinta são aplicadas sobre uma superfície já seca para evitar borrões e manchas indesejados.
  8. A composição desta pintura é extremamente simples, com os lírios a serem dispostos num vaso sobre uma mesa baixa no centro da imagem. No entanto, o uso habilidoso da cor e da textura dá-lhe um grande impacto visual.
  9. Os Lírios representam um momento de calmaria na vida agitada de Van Gogh e são frequentemente descritos como sendo tranquilizadores e repousantes de se olhar . 10 . Esta pintura pertence atualmente à coleção particular do J Paul Getty Museum em Los Angeles , onde é exibida regularmente para o público .
duvidas comuns

Dúvidas comuns sobre o tema:

Qual Lírio é a pintura mais famosa de Vincent Van Gogh?

A pintura mais famosa de Vincent Van Gogh é o lírio amarelo. Ele foi criado em 1889 e está atualmente na Galeria Nacional de Arte, em Washington D.C..

Por que os lírios são uma das pinturas mais populares de Van Gogh?

Os lírios são uma das pinturas mais populares de Van Gogh porque ele retratou-os com tanto realismo e beleza. Ele usou cores brilhantes e vivas para fazer os lírios parecerem reais. Além disso, as pinturas dos lírios foram criadas durante um período de grande depressão para o artista, então eles representam um momento especial de alegria na vida dele.

Quantas vezes Van Gogh pintou Lirios?

Van Gogh pintou Lirios três vezes, duas vezes em óleo e uma vez em aquarela. As duas primeiras pinturas foram criadas em 1888 e a terceira foi criada um ano depois, em 1889. Todas as três estão atualmente expostas em museus nos Estados Unidos da América.

Em qual país foi descoberto o primeiro Lírio de Van Gogh?

O primeiro Lírio de Van Gogh foi descoberto nos Estados Unidos da América, no ano de 1958 pelo antigo proprietário do hotel Ritz-Carlton New York City John Hay Whitney . A arte era originalmente parte da coleção privada do magnata do petróleo Jules Stein e estava pendurada no lobby do Ritz Carlton há anos quando John Hay Whitney a adquiriu por US $150 mil (cerca US $ 1,2 milhões nos dias atuais).

Qual outro nome é conhecido para a segunda Pintura dos Lirios?

A segunda Pintura dos Lirios também é conhecida como “A Noite Estrelada sobre o Rhône”. Ele foi criado durante uma viagem que Vincent fez para Arles , França , onde ele tinha planos para fundar um pequeno grupo chamado ” Colarossi’s Academy “. Infelizmente, esses planos não deram certo, mas enquanto ele esteve na França , ele teve alguns dos melhores momentos da sua vida – incluindo a inspiração para esta pintura particular.

De onde surgiu a ideia para a terceira Pintura dos Lirios?

A ideia para a terceira Pintura dos Lirios surgiu durante uma visita que Vincent fez à casa do seu amigo Paul Gauguin . Na verdade, este seria o início da sua breve parceria com Gauguin , que logo acabaria mal devido às diferenças artísticas entre os dois homens (Gauguin preferia uma abordagem mais primitiva das artes visuais , enquanto Vincent era muito ligado à tradicional escola francesa ).

Como Vincent Van Gogh morreu?

Vincent Van Gogh morreu por um tiro na barriga, em 1890. A arma foi encontrada perto do corpo e acredita-se que o artista havia cometido suicídio. No entanto, muitos anos depois, há uma teoria que a arma tinha sido atirada por um homem chamado René Secretan , que estava brincando com a arma quando ela disparou acidentalmente, não foi confirmada oficialmente.

Quem comprou a primeira Pintura dos Lirios?

A primeira Pintura dos Lirios foi comprada pelo antigo proprietário do hotel Ritz-Carlton New York City John Hay Whitney . A arte era originalmente parte da coleção privada do magnata do petróleo Jules Stein e estava pendurada no lobby do Ritz Carlton há anos quando John Hay Whitney a adquiriu por US $150 mil (cerca US $ 1,2 milhões nos dias atuais).

Qual é o nome da galeria onde a segunda Pintura dos Lirios está sendo exibida?

A segunda Pintura dos Lirios está sendo exibida na Galerie des Arts Décoratifs , em Paris , França . A pintura faz parte da coleção permanente da galeria e pode ser vista gratuitamente pelos visitantes.

Qual museu americano possui a terceira Pintura dos Lirios?

A terceira Pintura dos Lirios pertence ao Museu de Arte Moderna de Nova York , nos Estados Unidos da América . Ele faz parte da coleção permanente do

Já conhecia todos os lírios de Van Gogh? Depois desse artigo, qual deles é o seu preferido?

By Carlos Oliveira

Eu sou Carlos Oliveira, mestre em Filosofia pela USP. Minha paixão pela literatura contemporânea e filosofia se entrelaçam em debates sobre a condição humana e a existência. Além de ler, gosto de participar de grupos de estudos e palestras sobre o impacto da literatura em nossa sociedade.

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